segunda-feira, 31 de maio de 2010

DIA DE PAGAMENTO (parte 06)

(continuação)

...Volto para o “point da reú” e até agora ninguém da minha época, percebo uma movimentação da molecada em torno de uma lata de tinta spray, o Jet. A nova geração se escondia para pichar uma banca de jornal. Escoltei em volta, olhei para todos os lados, estava limpeza. Cheguei junto dos futuros pichadores e pedi para pichar:

- Posso lançar um nome com essa lata aí?

Eles confabularam e um decretou:

- O tio deve ser da antiga, deixa ele botar um nome!

Tio não, porra! Tio é sacanagem. Me senti quase o “Celacanto provoca maremotos”, o pioneiro que em mil novecentos e setenta e sete começou a pichar em Ipanema e logo ganhou a cidade. Hoje em dia escuto uns alienados por aí atribuindo essa pichação ao Profeta Gentileza, mas uma coisa não tem nada a ver com outra, o Celacanto é jornalista e está entre os mortais, já o Gentileza gera gentileza no céu. Mordido, coloquei a lata de tinta spray na cintura, para dentro da calça. Lembrei de uma letra do Camisa de Vênus que dizia assim:

“... Eu sinto no ar, que tudo pode acabar, que tal se transformar em fantasmas do underground...”



Então, eu um fantasma do underground subi na banca de jornal e escalando o poste, alcancei a marquise do prédio. O lugar não estava cheio, mas também não estava vazio, eu tinha que ser rápido. Fui desafiado por um garoto e não ia deixar barato. Subi mais pela grade de uma janela e no mais alto que meu braço alcançava, apertei o bico e “tssss” mandei um nome enorme: PEPE. Fiz minha assinatura cheia de cobras e setas no capricho. Um painel. Só quem estuda na escola da rua e se forma na faculdade da tinta consegue ler. Arte feita, desço e entrego a lata pros meninos que agora me olham com admiração. Eu queria mais era sair do local do flagrante antes que desse merda, mas não deixaram. Dezenas de braços esticados com cadernos nas mãos me pediam autógrafos. É, cada um tem o ídolo que merece, é a segmentação, os excluídos. Párias da sociedade se inspiram no sucesso próximo, mesmo que um sucesso localizado e segmentado.

Estava no meio da seção de autógrafos quando os “Sub-40” chegaram em motocicletas de poucas cilindradas. Percebi o porquê da não evolução, o porquê continuam ou voltaram para essa onda. Muitos são motoboys, moto-táxis e “sub’s”. Pra eles, pichar não dá dinheiro, mas alimenta a alma. Uma terapia ocupacional que colore o mundo. Só nessa vida de pichador que eles são reconhecidos. São cultuados. Atos de vandalismo contra o patrimônio público. Eles são venerados por ninfetas que querem barbarizar e por pirralhos sem limites, anárquicos e inseguros. O que move um adolescente de classe média a subir na cúpula de uma catedral para pichar, além do desafio? Quanta babaquice. Isso é vida? Não sei, mas é a vida possível para alguns. Eu quero que se foda, cada um com a sua tara. Já que eu estava ali, aceitei o convite e saí pra pichar o resto da noite.

“Como chegar nela eu nem sei. Ela é tão interessante e eu aqui pichando muro. Como chegar nela eu nem sei. Ela é tão indiferente
E eu igual a todo mundo”. (Charlie Brown Jr)



Dezenas de nomes em dois mil e oito lembram a alguns que continuo vivo e perdido.

(continua)

domingo, 30 de maio de 2010

DIA DE PAGAMENTO (parte 05)

(continuação)

Tem mais ou menos um mês, eu estava na madrugada, no maior rango, a solução era um cachorro-quente completo, com tudo que eu tinha direito. Naquele horário, o "dogão" da comunidade da Marlene, na entrada da Lino Teixeira, era a única possibilidade. Pedi o cachorro que já não estava tão quente, me acomodei numa cadeira desmontável de ferro, e antes da primeira mordida:

- E aí, Pépe!

Pépe... Já tem muito tempo que ninguém me chama assim. Era o Torro, um maluco da antiga que estava nessa onda de revival.

- Lequa dorxapi?

Esse dialeto das ruas que eu acreditava estar extinto é o “Teteca”. Tem esse nome, reza a lenda, derivado do local de sua criação. Muito simples, consta em separar as palavras por silabas e agrupá-las de trás para frente. O Torro não parava de falar, daí ofereci o sanduba, mas ele declinou, não sei nem por que. Afirmar que tem alguma influência de consumo de drogas seria leviandade da minha parte.

- Dá um pulo lá no “Tem Tudo”. Vai geral na reunião. Os parceiros de Inhaúma e da Tijuca voltaram em peso. “Os irmãos” vão gostar de te ver.

- Relembrar é viver.

- Vai vendo. Mal de tudo, você assina uns cadernos, troca uma idéia. Você sabe que é considerado.

No sábado seguinte, cheguei cedo, fiquei de longe só observando, só chegava garoto novo. Uma criançada que grita por socorro, que quer ser vista, quer atenção. Essa busca fica mais difícil quando o mundo os apedreja. Para passar o tempo, entrei num boteco, escolhi pela freqüência, só tinha mulher, improvável, mas verdade. Pedi um trago de “Dudu” que é a mistura de vinho quinado Dubar com conhaque Dubar. Com muita má vontade, a atendente, de cabeça raspada e jaleco sujo, nem um pouco feminina, me serviu a bebida num copo descartável. O líquido vermelho deixou o copo mole e quente. Se eu demorasse a beber era capaz de derreter o fundo e desperdício de goró é pecado. Bebi de uma vez só. Pedi outro, mas dessa vez exigi um recipiente de vidro, nem que fosse pote de maionese. Peguei a bebida no balcão e tentei puxar assunto com uma menina pegável, shortinho e blusa decotada, que aparentemente estava sozinha numa das mesas:

- Perdida, neném?

- Estou esperando minha namorada que foi ao banheiro.
E antes que eu pudesse esboçar alguma reação ou entender o que ela queria dizer, uma voz grossa me interrompeu:

- Como é que é? Tá procurando alguém?

Me afasto desconsertado, que fora, já tinha ouvido falar nesse bar freqüentado por lésbicas, mas na empolgação de ver tanta mulher reunida não liguei o nome à pessoa.

No fundo do bar, um jukebox aceso berrava Joanna:

“... Vou te caçar na cama sem segredos e saciar a sede do desejo, deixar o teu cabelo em desalinho e me afogar de vez no teu carinho...” (Monentos - Altemar Dutra)



Eu tinha que me vingar da atendente mal-humorada e do simpático casal de namoradas. Pedi uma ficha e fui escolher uma música na máquina. Fiquei folheando as opções até que achei uma canção perfeita:

“... Subi no muro do quintal e vi uma transa que não é normal e ninguém vai acreditar, eu vi duas mulheres botando aranha pra brigar...” ( Raul Seixas)



Me viro e antes que eu alcançasse o balcão, uma garrafa explodiu na minha frente espatifada na pilastra e uma sucessão de copos e garrafas lançados na minha direção me expulsaram do bar. Me limpo dos cacos de vidro e fico rindo sozinho da situação. Ao menos uma coisa positiva disso tudo, na pressa não precisei pagar a conta...

(continua)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

DIA DE PAGAMENTO (parte 04)

(continuação)

...Que merreca, dias acordando cedo, batendo cartão, recebendo ordens, contagem e recontagem das peças que nunca conferem, sobe e desce as escadas das prateleiras, um ritmo frenético. Pra no fim, entregar metade do salário no aluguel; o senhorio já deve estar na porta do prédio me esperando, metade da metade vai pro goró e o resto fica na boca de fumo, ainda bem que tem vale-refeição, se não nem comia.

No caminho de volta pro trabalho, paro no botequim do Luís Vascaíno, Luís é português, o caçula de uma linhagem tradicional de proprietários de pés-sujos, metido em torcida de fanáticos, aqueles que vão pro estádio brigar. Por educação pergunto:

- E o Vasquinho?

E Luís começa com aquele discurso bitolado de eterno vice, emenda no Eurico, por que fui perguntar? Peço um conhaque e uma Skol, dia de pagamento é assim, na Skol e no cash; no meio do mês é Itaipava e pendurada na conta. Um gole do conhaque pro santo, minha vez e bebo de uma talagada só. Conhaque me deixa todo ressecado por dentro e com um puta tesão, só mesmo uma cerveja estupidamente gelada para rebater e refrescar, no caso dessa cerveja, no rótulo tem uma setinha redonda que fica azul assim que alcança a temperatura ideal; quanto mais azul, mais ideal; gosto quando se aproxima do azul Del Rey da Coralit, minha cor preferida de quando eu pichava muros, mas isso é nostalgia, tem uma galera da minha geração que voltou a “pixar”; no dicionário Aurélio o verbo pichar consta com a grafia “ch”, mas na escrita e na fala dos adeptos, o “x” redefine o verbo como pixar, então como estava dizendo, esses artistas da tinta são os “G80” (Grafiteiros 80) ou então os sub-40, só coroa do meu top...

(continua)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

DIA DE PAGAMENTO (parte 03)

(continuação)

Falando em humilhação, o segurança da portaria me revista com o detector de metais, percorre aquele aparelho que mais parece uma palmatória por todo o meu corpo. Quando o baitola* passa a máquina pela minha virilha, começa a imitar o som do alarme:

- Bip, bip, bip é de ferro?

Não me contive, nem tentei.

- Vai tomar no cu! Enfia essa merda no rabo e me deixa em paz!

- Tá nervosinha, santa? Enfia o dedo, roda e cheira.

Não dou mais atenção para ele, atravesso a rua e vou andando pela Lino Teixeira. Até alcançar o Banco, são uns cinco minutos, subo as escadas e como sempre, fico preso na porta giratória. Puro preconceito, estou usando o macacão do uniforme, encardido, puído e sujo de graxa, vê se alguém assalta Banco todo esfarrapado. E as câmeras, se as câmeras funcionam, o assaltante quer ficar bem no vídeo, vai que passa no Jornal Nacional, o William Bonner vai anunciar:

- Maltrapilho tenta assaltar Banco e fica preso na porta giratória.

Humilhação. Ninguém quer ser humilhado em rede nacional, ninguém quer ser humilhado nem na sua rua, nem no seu bairro. Imagina no país todo. Imagine um lavrador no Acre relaxando de um dia de labuta em frente à televisão enquanto espera a novela das oito, e me vê na telinha encurralado, impossibilitado de andar, todo imundo e cercado pela polícia. O que ele deve comentar:

- O coitado deve de tá com fome, olha os trapos que ele veste.

Continuo preso, nem pra frente, nem pra trás. O que me resta é aguardar enquanto vem outro fantoche do sistema. Esse agora é do tipo que aciona a trava da porta com um controle remoto. Nunca acreditei que tivesse qualquer detector de ladrão nessas merdas de portas. É puro achismo do segurança patrimonial, que se aproxima:

- Esvazie seus bolsos e coloque tudo na abertura lateral.

Já conheço o procedimento, mas esperei ele falar só de provocação. Fico encarando esse idiota preconceituoso, olho no olho e de cara fechada vou colocando vagarosamente na caixa de acrílico item por item que carrego comigo: um celular pai de santo, pré-pago que só recebe ligação, modelo de noventa e nove reais que paguei em dez vezes, um chaveiro com a chave do pardieiro onde moro, a chave que abre o meu armário na firma e a chave da gaiola do almoxarifado que me aprisiona no horário comercial, trinta e cinco centavos e o cheque. Na fila, uns pobres coitados me encaram como se eu fosse um marginal, condenado e culpado pelo excelentíssimo juiz da segurança patrimonial que confere meus pertences, me manda dar um passo pra trás e tornar a tentar cruzar a maldita porta giratória. A porta destrava, rolou um recurso e acabei considerado inocente:

- Pode entrar, cidadão.

Até parece, isso é medo de processo, tem gente que não perdoa, geralmente negros politizados. Agora tudo é racismo, uma patrulha da porra. Pego os meus trecos e vou para o rabo da fila. Tem uma lei que limita em vinte minutos de espera na fila do Banco, mas do jeito que segue vou mofar uma meia hora no mínimo. Devia ter trazido um livro, uma revista. Daqui a pouco encerra o expediente bancário e não pára de chegar velhinhos que entram na frente de quem está esperando há tempos, outra lei, uma das que funcionam, maiores de sessenta e cinco anos têm direito de furar fila. Injusto, o cara está aposentado, com o dia todo pela frente, e vem aqui atravancar o progresso. Enquanto eu não retorno pro trabalho, o mundo fica parado, esperando por mim. Tenho sempre que liberar uma peça de reposição da engrenagem superior da injetora de alumínio, o mundo não pode esperar. Os pratos e talheres não confeccionados impedem o movimento de rotação da Terra.

Finalmente o caixa:

- O próximo.

Sou eu. Caminho em direção ao guichê, nem rápido, nem lento, desfilo minha integridade, devo não nego, pago quando puder, caminhos errados nunca mais.

"The best things in life are free. But you can keep them for the birds and bees. Now give me money. That's what I want. That's what I want, yeah. That's what I want"... (The Beatles)



Ou então:

"Money, get away. Get a good job with more pay and you're okay. Money, it's a gas. Grab that cash with both hands and make a stash. New car, caviar, four star daydream, Think I'll buy me a football team.



Peço pro caixa que me pague com dinheiro trocado:

- Boa tarde. Se puder me dar trocado é bom.

- Sinto muito, só tem nota de cinqüenta.

- Lógico, o dinheiro circula e todos têm troco de sobra por aí, inclusive vou usar essa nota aqui.

Destaco uma nota do montante:

- Pra pagar a sua mãe hoje, lá na Vila Mimosa.

- Pega esse dinheiro e cai fora, antes que eu chame os seguranças.

Nessas horas é que tenho vontade de voltar a ser do bicho, tem muita gente recebendo hora extra no mundo.

(continua)

terça-feira, 18 de maio de 2010

DIA DE PAGAMENTO (parte 02)

(continuação)

Sigo pelo corredor dos escritórios, lugar onde freqüento pouco, geralmente no dia de pagamento ou quando não é algum superior me chamando a atenção, esporro, ora por atraso, ora por ineficiência. Sei que meus dias aqui estão contados e em breve estarei na fila do desemprego de novo, mas mesmo assim não me motivo em fazer diferente, eles contrataram horas do meu dia, mas:

“... se eles querem meu sangue, verão o meu sangue só no fim, e se eles querem meu corpo, só se eu estiver morto, só assim...” (Jimmy Cliff)



Então, próximo à portaria onde o corredor dos escritórios se funde ao acesso da fábrica, grudado na parede está o insensível relógio de ponto. Me aproximo do frio e inabalável relógio, bato o cartão. É, me pagam em cheque, tenho de ir ao Banco na hora do expediente para descontar o cheque-salário e para completar a sacanagem, ainda me descontam o tempo que não trabalho indo ao Banco. Se pagassem em dinheiro simplificava o processo. Porcos, sempre arrumam um jeito de nos enrabar. Um estupro consentido, ninguém me obriga a passar por isso, mas estou me esforçando para andar conforme a lei, tenho de me enquadrar no sistema, chega de prisões, de humilhações.

(continua)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Valério Cazuza

Trabalhei nesse vídeo como cameraman e na edição de imagens.


DIA DE PAGAMENTO (parte 01)

Todo dia de pagamento é sempre igual, o verme do departamento pessoal, puxa-saco de patrão enseba até o último minuto para entregar o cheque com o salário. O Banco fecha às dezesseis horas e faltam apenas quinze minutos para que isso aconteça. Finalmente a boca de ferro* brada:
- Senhor Ricardo Ferrão, auxiliar do almoxarifado, compareça ao DP.
Esse “DP” é brabo, parece coisa de polícia, depois de algumas experiências traumáticas, quero é distância da vigésima primeira “DP” em Bonsucesso, décima sexta “DP” na Barra da Tijuca, entre tantas outras que já tive passagens pelos mais diversos motivos, mas como estou tentando viver dentro da lei, não me causa nenhum efeito. Minha perna treme, mas não tem nada a ver, deve ser ressaca, tenho de parar de beber dia de semana, prejudica meu trabalho de enorme responsabilidade; o mundo pode até parar se eu colocar uma ferramenta no escaninho errado, imagina a produção interrompida porque resolvi encher a cara de vodka falsificada, nem durmo de tanta preocupação. Até parece, quero que se foda!
Diante da porta de vidro que tem seu nome pintado: Sr. Roberto Flores, chefe do Departamento de Pessoal, vejo ele sentado com sua empáfia habitual. Atrás de uma mesa milimetricamente arrumada, existem dois armários de arquivos com pastas suspensas. No canto esquerdo de quem entra, uma mesinha com uma cafeteira expresso italiana estilo retrô, muito chique, e um vidro com biscoitos cream cracker. Na parede, um quadro do fundador da empresa, uma fotografia em preto e branco encardida pelo tempo. Numa alucinação, que deve ser fruto de um flashback do ácido lisérgico, que ingeri em escala industrial dos vinte aos vinte e oito anos, enxergo um balão desses de histórias em quadrinhos que se desprende da cabeça de Seu Roberto com os seguintes dizeres:
- Não me misturo com subalternos, lido com o dinheiro do patrão. É trabalho de responsabilidade.
Não estou nem aí, me dá o que é meu e bola pra frente, hoje é dia! Todo dia é dia, mas hoje mais do que os outros dias, porque levo comigo a confiança que só um dinheiro ganho honestamente causa ao indivíduo, pois não tem a tensão de uma roda de sueca ou os cálculos precisos da mesa de sinuca, nem a decepção no páreo de um jóquei, onde se deposita a fé nas patas do cavalo. Acho charmoso jogar nos cavalos, me passa um clima meio Bukowski, além disso, tem apostas de um real, e se o palpite for certeiro, corre-se o risco de levantar uma bolada no fim de semana, únicos dias que me restam para essas estripulias, já que sou um trabalhador assalariado com carteira assinada, trabalho esse que está durando. Não costumo parar muito tempo nos empregos, culpa minha eu assumo, sou preguiçoso e lento com o que não me interessa e no caso não me interessa em nada deixar o patrão mais rico. Então, pego minha merreca e saio fora sem trocar idéia com esse prego. Seu Roberto tem medo de encarar os funcionários, deve ser pânico de perceber o quanto somos iguais e manipulados por quem tem a grana. Todos marionetes do dinheiro, numa ciranda sem fim... (continua)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Aleister Crowley

Estive na luta da morte comigo mesmo: Deus e Satã lutaram por minha alma durante três longas horas. Deus venceu - agora me resta apenas uma dúvida - qual deles era Deus?